17 de dezembro de 2024

O bonde da inovação energética: o Brasil está pronto para seguir?

Por Felipe Novaes, fundador e CGO da The Bakery

Publicado originalmente no Canal Energia, em 2 de outubro

Líderes mundiais planejam aumentar o valor investido em energias renováveis para que elas equivalham a 60% da eletricidade global até 2030, conforme acordo firmado na conferência de mudanças climáticas da ONU, a COP28, no ano passado.

Com uma matriz energética altamente renovável e diversificada, o Brasil, que gera 65% de sua eletricidade por meio de hidrelétricas e cerca de 19% com outras fontes renováveis, tem um lugar privilegiado na corrida internacional. Esta vantagem precisa ser aproveitada, considerando que o mercado internacional está voltado para a construção de soluções cada vez mais sofisticadas. Por isso, é tão importante que o país continue a investir em inovação e adotar novas tecnologias para manter sua posição de destaque para não perder o bonde da inovação.

Com este compromisso em mente, o primeiro passo das lideranças deve ser avaliar qual o grau de inovação buscado para os projetos de energia renovável para o seu setor, considerando os recursos disponíveis. As principais questões a serem avaliadas são: Qual a dimensão dos projetos esperados e o orçamento reservado? Quais são seus benefícios e limitações? Qual é o potencial de adoção e escalabilidade e o retorno financeiro esperado?

A criação deste panorama, de maneira estratégica e detalhada, é crítica para identificar se a tecnologia é uma inovação radical ou uma melhoria em soluções existentes. No Brasil, projetos inovadores têm mostrado como a combinação de tecnologias avançadas e estratégias inteligentes pode transformar o setor energético.

Um exemplo notável é a Neoenergia, uma subsidiária da espanhola Iberdrola, que está liderando a implantação de parques eólicos offshore proveniente dos ventos que sopram em alto-mar. A empresa está com projetos implementados na região litorânea do Nordeste brasileiro que introduzem uma tecnologia avançada e um novo tipo de infraestrutura capaz de superar os desafios das instalações terrestres, além de oferecer maior capacidade de geração e eficiência. A prova disso é que a companhia está focada em estudos para ampliar seus parques offshore para outras regiões do país.

O custo inicial para construir e operar parques eólicos no mar é elevado devido à necessidade de infraestrutura especializada e manutenção em ambientes marinhos. No entanto, à medida que a tecnologia evolui e se torna mais eficiente, o retorno financeiro deve melhorar, especialmente com a crescente demanda por energia limpa e a redução dos custos operacionais ao longo do tempo.

Já o projeto de hidrogênio verde da ENGIE, empresa de energia renovável, destaca-se pelo nível elevado de inovação, representando uma das soluções mais promissoras para a descarbonização de setores industriais e de transporte. Com cerca de vinte projetos de hidrogênio verde no mundo, a empresa mantém a meta de capacidade de produção de 4 gigawatts (GW) até 2030. Apesar dos altos investimentos iniciais e da necessidade de desenvolver infraestrutura, o potencial de exportação e a crescente demanda global por soluções de baixo carbono indicam um grande retorno financeiro no futuro.

Estes exemplos ilustram como a combinação de inovação tecnológica e estratégias de investimento pode posicionar o Brasil na vanguarda da energia renovável, promovendo um desenvolvimento sustentável e competitivo no cenário global.

O mercado internacional de energias renováveis está em franca expansão, impulsionado pela crescente urgência em combater as mudanças climáticas e reduzir as emissões de carbono. Países como China, Estados Unidos e membros da União Europeia estão intensificando suas metas de descarbonização, criando uma demanda massiva por tecnologias inovadoras e soluções sustentáveis. Para o Brasil, que já possui uma matriz energética majoritariamente renovável, essa é uma oportunidade única de consolidar sua posição como exportador de tecnologia verde, biocombustíveis e energia limpa. A 30a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP 30) , que será realizada em 2025 em Belém (PA), chegará para reforçar os compromissos do país com o meio ambiente e a transição energética.

Ao não perder o bonde da inovação, o país poderá fortalecer sua liderança no mercado global, abrir portas para novas oportunidades econômicas, atrair investimentos internacionais e promover o desenvolvimento sustentável. Avanços de impacto incluem pesquisa de mercado para entender as tendências atuais, análise de viabilidade técnica e econômica, e revisão de regulamentações e incentivos governamentais, além de parcerias estratégicas que viabilizem a implementação e a escalabilidade dos projetos. É preciso seguir adiante, apostando na energia verde e no futuro da humanidade na Terra.

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