O mundo está mudando, e as empresas precisam mudar também. A descarbonização, que é o processo de reduzir os gases que causam o aquecimento do planeta, virou uma prioridade.
Isso não é só bom para o meio ambiente – é importante para que as empresas continuem fortes no mercado. Hoje, quem compra, quem investe e quem cria leis quer ver empresas agindo de forma mais limpa e responsável.
Por que a descarbonização não pode mais esperar
Descarbonizar significa reduzir as emissões de carbono (como CO2 e outros gases que contribuem para o aquecimento global) ao longo das cadeias produtivas, com o objetivo de construir uma economia com menos impacto ambiental – e, de preferência, com emissões líquidas zero até a metade do século.
Esse assunto ganhou ainda mais urgência em 2024, quando o mundo registrou seu ano mais quente até hoje: as temperaturas ficaram cerca de 1,6 °C acima da média da era pré-industrial, superando o limite de 1,5 °C estabelecido no Acordo de Paris.
Como resultado, eventos extremos como secas, enchentes e queimadas se tornaram mais frequentes, causando prejuízos tanto para pessoas quanto para empresas.
Desde o ano 2000, os desastres climáticos já provocaram mais de US$3,6 trilhões em perdas, segundo o Fórum Econômico Mundial. Além disso, empresas estão enfrentando riscos diretos, como danos físicos, e indiretos, como novas taxas sobre emissões de carbono.
Governos e o mercado estão reagindo a essa crise com medidas mais firmes e metas ambiciosas. Na COP28, realizada em Dubai em 2023, 118 países assinaram um compromisso para triplicar a geração de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030.
Em paralelo, cerca de 50 das maiores empresas de petróleo do mundo, responsáveis por cerca de 40% da produção global, prometeram zerar suas emissões operacionais até 2050, quase eliminar vazamentos de metano e acabar com a queima rotineira de gás até 2030.
No Brasil, o governo revisou sua meta climática (a NDC) em 2024 e agora promete cortar 59% das emissões de gases de efeito estufa até 2035 em relação aos níveis de 2005 – com possibilidade de chegar a 67% com apoio internacional.
Essas metas mostram que a transição energética e a descarbonização não são mais apenas boas práticas: são exigências claras de governos, investidores e consumidores.
Impactos das mudanças climáticas nos negócios
As mudanças no clima estão trazendo riscos reais para as empresas. Quando acontecem desastres como enchentes, secas e queimadas, cadeias de entrega são interrompidas, fábricas sofrem danos e a produção cai.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, se nada for feito, os eventos extremos e as novas regras podem fazer o PIB global cair até 22% até o ano 2100.
Além dos riscos, há também custos novos com políticas de carbono, como taxas ambientais, exigências para produzir de forma mais limpa e regras de mercados de carbono.
Mas, ao mesmo tempo, existem grandes oportunidades. O mesmo relatório mostra que a economia verde já movimenta cerca de US$14 trilhões. Soluções mais sustentáveis podem criar novos negócios e melhorar a eficiência dentro das empresas.
Hoje, empresas dos setores de energia, indústria, transporte e outros já estão sentindo pressão de investidores e consumidores para ter metas claras de redução de poluição.
Autoridades internacionais estão exigindo cada vez mais transparência, pedindo que as empresas mostrem suas emissões de forma clara e sigam padrões de responsabilidade ambiental (como os critérios ESG). Também está em discussão o fim de novos projetos ligados a combustíveis poluentes.
Se a empresa continuar com o mesmo plano de sempre, pode perder valor e até prejudicar sua imagem. Por outro lado, quem se adianta e começa a descarbonizar agora pode receber apoio financeiro (como empréstimos verdes), gastar menos com energia no futuro e se destacar como uma empresa pronta para o que vem pela frente.
Brasil como líder na transição energética limpa
O Brasil é um dos países com a matriz energética mais limpa do mundo. Segundo a Agência Internacional de Energia, entre as maiores economias do planeta, o Brasil é o que menos usa combustíveis poluentes.
Em 2022, cerca de 89% da energia elétrica no país veio de fontes renováveis, como água, vento e sol – um número muito acima da média do G20.
O Brasil está em uma posição especial porque tem muita energia limpa e também aposta em inovação.
Um estudo da Bloomberg mostra que serão necessários cerca de US$6 trilhões em investimentos até 2050 para o país chegar perto de zerar suas emissões.
A maior parte desse valor precisa ir para transformar os transportes e as indústrias. Apesar de parecer muito dinheiro, o número representa só 8% a mais do que o que já seria investido em um cenário comum – ou seja, o país já gasta bastante com energia, e agora precisa direcionar melhor esses recursos.
Hoje, mais da metade das emissões de gases do setor de energia no Brasil vem do transporte, 25% da indústria, 11% da geração de energia e 6% dos prédios.
Por isso, mudar o uso de combustíveis poluentes para energia limpa será uma das formas mais importantes de reduzir essas emissões. Até 2050, essa mudança pode representar 55% da redução total.
Além dos carros e das redes de energia mais modernas, outras soluções também estão ganhando espaço no país. A energia solar e a eólica estão crescendo rápido.
A previsão é que o Brasil chegue a 200 gigawatts de energia solar até 2050, mesmo sem grandes mudanças no cenário atual.
O hidrogênio verde também vem ganhando força, com apoio de empresas e governos. A demanda por esse tipo de hidrogênio, usado em refinarias, fertilizantes e aviões, pode ser quatro vezes maior até 2050, chegando a cerca de 8,3 milhões de toneladas.
Setores tradicionais, como ferro, cimento e químicos, já estão olhando para novas formas de reduzir suas emissões, usando tecnologias como biocombustíveis mais modernos, redes de hidrogênio e captura de carbono.
Tudo isso mostra que o Brasil tem vantagens naturais, como muita água e sol, e também um compromisso crescente de empresas e governo.
O país está em uma posição central nessa transformação e as empresas brasileiras têm à disposição muitas oportunidades ligadas à energia solar, eólica, armazenamento, hidrogênio e novas regras ambientais.
Tecnologias e estratégias de descarbonização
Para que empresas e países consigam cumprir suas metas de corte nas emissões de carbono, existem várias tecnologias e estratégias já disponíveis. Veja abaixo algumas das principais:
Hidrogênio verde
É um tipo de combustível feito a partir da água, usando energia limpa. Ele tem grande potencial para ser usado em indústrias e em transportes pesados, como aviões e navios.
A expectativa é que, até 2030, o hidrogênio verde fique mais barato do que os combustíveis poluentes em muitos países.
Entre 2023 e 2024, várias empresas ao redor do mundo fizeram acordos para aumentar a produção e chegar a 11 milhões de toneladas por ano até 2030. O Brasil tem grande vantagem nesse setor por já contar com muitas fontes de energia renovável.
Energia solar e eólica
São as principais formas de geração de energia limpa. Os custos dessas tecnologias continuam caindo.
Hoje, segundo dados da Agência Internacional de Energia e da BloombergNEF, elas já são a forma mais barata de gerar eletricidade em boa parte do mundo.
O Brasil tem muito sol e vento, o que ajuda a crescer ainda mais nesse setor, mesmo sem incentivos extras do governo.
A previsão é que até 2050 o país tenha mais de 200 gigawatts de energia solar instalada, além de um aumento grande em parques eólicos em terra e no mar. Com isso, o país não só aumenta sua energia limpa como também reduz a dependência de combustíveis com preço instável.
Armazenamento de energia (baterias)
Como a energia solar e eólica depende do sol e do vento, é importante ter baterias que guardem essa energia para usar quando for preciso.
Baterias em larga escala e também a possibilidade de usar baterias de carros elétricos para devolver energia à rede ajudam a equilibrar o sistema.
Os preços das baterias estão caindo, e a produção está aumentando. Empresas já estão instalando baterias em usinas e também em linhas comerciais e industriais, para garantir mais estabilidade na energia.
Redes inteligentes (Smart Grids) e digitalização
Com muitas pequenas fontes de energia (como painéis solares em casas) e o uso variável (como carros elétricos ou eletrodomésticos conectados), as redes de energia precisam ser mais modernas e “inteligentes”.
Sensores, inteligência artificial e análise de dados ajudam a distribuir a energia de forma mais eficiente, evitando perdas.
As três grandes mudanças do setor andam juntas: menos poluição, mais geração local e mais tecnologia. Usar ferramentas digitais nas redes e na gestão de energia é uma parte essencial dessa transição.
Eletromobilidade
Trocar veículos a gasolina ou diesel por modelos híbridos é uma das formas mais simples e eficazes de reduzir poluição no setor de transportes.
Com incentivos do governo, metas de veículos mais limpos e baterias mais baratas, a demanda por carros elétricos está crescendo no mundo todo.
No Brasil, além de montadoras como a BYD, há investimentos em ônibus elétricos e estímulo ao uso de veículos híbridos. Ter uma boa rede de recarga também é importante para que essa mudança aconteça. Quando uma empresa troca seus veículos por versões elétricas, ela corta emissões e mostra que está pensando no futuro.
Eficiência energética
Melhorar o uso da energia em fábricas, prédios e cidades é uma forma direta de cortar emissões. Isso inclui usar motores mais eficientes, melhorar o isolamento térmico e otimizar o uso de ar-condicionado e aquecimento.
Tecnologias já bem conhecidas, como lâmpadas econômicas, sistemas de refrigeração eficientes e planejamento urbano inteligente, ajudam muito com baixo custo.
Por isso, muitas empresas começam por programas de eficiência, como auditorias de energia e adoção de padrões como a ISO 50001, que ajudam a organizar e reduzir o consumo de forma clara e eficiente.
Como começar sua jornada de descarbonização
A mudança para uma energia mais limpa traz tanto riscos quanto oportunidades para as empresas.
Os riscos incluem o aumento do custo de combustíveis poluentes, novas taxas ambientais e a perda de valor de ativos antigos que não se encaixam mais nesse novo cenário – como usinas a carvão ou frotas movidas a diesel.
Por outro lado, as oportunidades são grandes: acesso a investimentos voltados para sustentabilidade, redução dos gastos com energia (já que a energia limpa costuma ser mais barata) e uma imagem melhor diante do mercado e da sociedade.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, metade da redução de gases poluentes necessária pode ser feita hoje com tecnologias que já existem e funcionam.
O desafio está em como escalar essas soluções e garantir recursos para colocá-las em prática.
Para não ficar para trás, as empresas precisam incluir a descarbonização nos seus planos de longo prazo. Isso envolve repensar os modelos de negócio (por exemplo, oferecer produtos ou serviços com menor impacto ambiental), escolher parceiros com metas sustentáveis e incentivar a inovação dentro de casa.
Empresas que agem desde já mostram liderança e conseguem transformar os riscos em vantagens.
Especialistas recomendam alguns passos práticos:
- Medir as emissões atuais (para saber por onde começar)
- Melhorar a eficiência no uso da energia
- Buscar parcerias com startups que criam soluções limpas
- Envolver clientes, reguladores e investidores em um plano claro de mudança
Resumindo: descarbonizar já não é mais só uma questão ambiental, é uma estratégia de negócios.
Muitas empresas, de tecnologia a indústria pesada, já estão colhendo os benefícios de operar de forma mais limpa e eficiente. No Brasil, esse movimento é ainda mais relevante, pois temos uma das matrizes mais limpas do mundo e muito espaço para crescer nesse caminho.
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