Escrito por Felipe Novaes, CGO da The Bakery, e Giovanna Barcelos, especialista em estratégia
Publicado originalmente no Canal Solar, em 28 de novembro
A transição energética, impulsionada pela crescente conscientização sobre as mudanças climáticas e a busca por fontes de energia mais limpas e sustentáveis, está remodelando profundamente o cenário econômico global. As expectativas do mercado e dos investidores em relação às empresas que lideram essa transformação são cada vez mais altas e exigentes.
A transição energética ganhou impulso global e atingiu um recorde de investimento de US$ 1,8 trilhão em 2023, segundo o relatório Energy Transition Investment Trends 2024, da Bloomberg NEF. Nesse panorama, embora a China ainda seja o maior mercado e a Europa apresente o crescimento mais acelerado, o Brasil se destaca entre os 10 países que mais investem em transição energética, ao lado de Japão e Índia, cada um com aportes acima de US$ 30 bilhões.
O cenário brasileiro é marcado por uma movimentação significativa de empresas e setores em torno da adaptação para a energia sustentável. As companhias eletrointensivas vêm anunciando novas estratégias, como investimentos em expansão de geração de energia renovável e diversificação dos negócios.
Essa movimentação tem sido impulsionada por dois principais fatores: em primeiro lugar, eventos climáticos extremos, como secas na Amazônia e enchentes no Sul, que reforçam a necessidade de soluções sustentáveis para combater o desequilíbrio ambiental; em segundo, o uso crescente da inteligência artificial, que amplia a demanda por energia, especialmente no armazenamento de dados, criando novos desafios para a sustentabilidade.
Luiza Demôro, chefe global de transição energética na BloombergNEF, recentemente afirmou que o Brasil tem potencial para ser um dos maiores países em termos de suprimento de mercado de carbono. Há diversas razões para acreditar numa excelente janela de oportunidades para investimentos e inovação nesse segmento. Neste ano, por exemplo, tivemos a criação da Política Nacional de Transição Energética (PNTE) pelo governo federal, que visa coordenar e dar suporte a grandes iniciativas nacionais para fortalecer a economia verde, com expectativa de receber R$ 2 trilhões em investimentos ao longo de dez anos.
Somado a isso, em 2025 teremos a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que será sediada em Belém/PA, trazendo toda a atenção mundial da temática de sustentabilidade e energia limpa para o país. Certamente, há um importante papel global a ser desempenhado pelo Brasil para o desenvolvimento de alternativas limpas de energia.
Para as empresas brasileiras que pretendem iniciar suas jornadas neste caminho, a construção de uma estratégia sólida e inovadora é o ponto de partida para obter resultados concretos. Em um mercado tão dinâmico e complexo, o desenvolvimento de uma visão própria e de uma estratégia bem estruturada que inclua variáveis tecnológicas, como a inteligência artificial, permitirá que essas empresas se posicionem de forma competitiva e direcionem seus recursos de maneira mais eficaz.
Durante este processo, a inovação deve ser encarada como uma das principais alavancas para a sustentabilidade, oferecendo alternativas para a diversificação dos negócios, inclusive em segmentos fora do core business das empresas. É importante destacar que a transição energética não é apenas uma mudança de práticas, ela representa também uma oportunidade para que as empresas expandam suas operações e se adaptem a um mercado em rápida transformação.
Esta é uma área de negócios que requer muito investimento e inovação, porém, além de todos estes projetos e recursos serem os responsáveis por criar energia limpa, com carbono zero ou reduzido, serão os protagonistas da economia do futuro. Por isso, para os investidores, importa que as grandes empresas não apenas tenham potencial de se adaptar à nova governança e regulamentações ambientais, como que também estejam criando novos negócios, tecnologias, soluções, serviços e patentes. Cada vez mais, a capacidade de inovar e desenvolver novas tecnologias limpas é um diferencial competitivo crucial nesse setor.
Mesmo com o avanço nas discussões, há um longo caminho a se percorrer para transformar esses planos de reestruturação do sistema energético em resultados concretos. A assertividade será fundamental para que o Brasil aproveite o interesse global em suas soluções renováveis e a injeção de capital internacional. É crítico que as lideranças das grandes empresas saibam aproveitar o momento e a atenção mundial para acelerar o desenvolvimento local e explorar novos horizontes no mercado internacional, posicionando o Brasil como um dos protagonistas em energia limpa e economia sustentável.
Acesse o nosso relatório Brasil na liderança da transição energética e confira insights e planos de ação para impulsionar essa mudança na sua empresa.