Inovação aberta e fechada: diferenças e benefícios

Quando uma empresa decide inovar, ela tem a opção de escolher entre processos de inovação aberta e fechada. No entanto, isso não exclui a combinação entre ambas, desde que a estratégia adotada seja muito bem estruturada a fim de que uma complemente a outra.

Inovação aberta é quando uma corporação conta com o apoio externo de outras iniciativas e organizações para atender suas demandas com inovação. Assim, ela passa a ter a oportunidade de evidenciar novas tendências e trazer direcionamentos que irão refletir na tomada de decisão para manter a relevância da empresa a longo prazo. Esse processo é realizado em conjunto com o time interno e gera impactos relevantes na melhoria de produtos e serviços e na cultura da própria empresa.

Já a inovação fechada tem como foco depender unicamente do time interno para desenvolver novos projetos e iniciativas. Ou seja, ela acontece dentro da fronteira das organizações, com seus próprios ativos e talentos, sem nenhuma contribuição externa. Assim como o desenvolvimento de produtos e serviços, que só então são apresentados ao mercado.

Diferenças entre inovação aberta e fechada

De um jeito mais direto, pode-se afirmar que inovação aberta e fechada são diferentes pela forma como a inovação é gerada. As empresas que adotam a inovação fechada operam sob um ambiente inovador independente, enquanto as de inovação aberta obtêm conhecimento externo para suas estratégias de gestão da inovação.

Marcone Siqueira, cofundador da The Bakery Brasil e professor do MBA em Business Innovation na FIAP, explica a diferença entre inovação aberta e fechada em sua essência:

Na realidade, o termo inovação fechada não é muito popular. Só se usa em contraposição à aberta para explicar conceitos.

  • Inovação aberta – Uso de fluxos de conhecimento gerenciados fora das fronteiras da organização (ideias, tecnologias, produtos, serviços em todos os níveis de maturidade, entre outros), que podem ser lançados ao mercado pela corporação através de diferentes formatos;
  • Inovação fechada – Uso de fluxos de conhecimento inteiramente gerenciados dentro dos limites da organização, desde a ideia que vem do time interno, passando pelo desenvolvimento e validações, até o lançamento no mercado. É 100% gerenciado dentro da fronteira de uma organização, em que somente ela consegue capturar valor. Um exemplo ilustrativo é quando uma empresa farmacêutica desenvolve uma nova molécula ou um novo tratamento e consegue patentear a inovação. Assim, apenas ela captura valor com essa inovação.

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Diferenças entre inovação aberta outside-in e inside-out

É válido frisar que a inovação aberta, especificamente, oferece uma via de mão dupla em termos de estratégia. Nesse caso, falamos dos modelos outside-in e inside-out, em que ambos se beneficiam do conhecimento externo, em que a diferença está na originação da inovação e na captura de impacto.

Inovação aberta outside-in

A inovação aberta outside-in acontece, como acabamos de ver, quando o ponto de partida da inovação, bem como parte do conhecimento (ideias, tecnologias, etc), vêm de fora da sua organização. No final, consegue-se capturar valor com a inovação.

A iniciativa, portanto, trabalha com análise preditiva com o intuito de levar uma solução mais completa para o mercado.

Agora, confira abaixo alguns exemplos de estratégias outside-in:

  • Startup engagement – Programas e iniciativas que coordenam processos de engajamento com startups pelas áreas da empresa;
  • Aceleradora externa – Programas tradicionais de aceleração de negócios, com foco em verticais tecnológicas ou setoriais, que contribuem para o desenvolvimento de empreendedores em conexão, usualmente, com mentores e ativos da corporação;
  • Incubadora externa – Segue o pensamento anterior, contudo, voltado a ideias ou empresas em estágios muito iniciais;
  • Corporate Venture Capital (CVC) – Fundos ou estruturas constituídas para viabilizar o investimento minoritário em startups por grandes corporações.

Saiba tudo sobre CVC em nosso artigo Corporate Venture Capital (CVC): o que é e como funciona.

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Inovação aberta inside-out

A inovação aberta inside-out se dá quando o ponto de partida do desenvolvimento de uma solução é originado dos times de projetos internos que, posteriormente, ficam disponibilizados para que membros externos da organização possam capturar valor.

A seguir, veja alguns veículos inside-out tradicionais:

  • Spin-offs – Novos negócios que nascem de iniciativas internas da corporação mas que ganham vida própria no ambiente externo, como no caso apresentado acima;
  • Licenciamento de tecnologias – Processos de licenciamento e disponibilização de tecnologias desenvolvidas internamente;
  • Corporate Venture Building (CVB) – Construção de novas startups por talentos dentro da organização.

Saiba mais sobre CVB em nosso artigo Corporate Venture Building (CVB): o que é e como funciona.

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Características da inovação aberta e fechada

Características comuns da inovação aberta

  • As empresas expandem o processo de inovação para fora das quatro paredes, pois especialistas de fora do negócio também podem contribuir no processo;
  • As empresas visam aumentar o potencial inovador ao fazer uso ativo e estratégico do ambiente ao seu redor;
  • Utilizam a combinação de ideias, processos, tecnologias e canais de vendas internos e externos para produzir os serviços, produtos e/ou modelos de negócios mais inovadores;
  • Clientes, fornecedores, usuários LEAD, funcionários, concorrentes e empresas de outros setores podem influenciar os processos de ideação de uma empresa;
  • Propriedade intelectual compartilhada: quanto mais conhecimento entra, mais assertivas podem ser as decisões.

Características comuns da inovação fechada

  • A inovação é criada pelos próprios funcionários da empresa, desde a concepção até o desenvolvimento (o que inclui os testes) e o marketing;
  • O processo inovador ocorre exclusivamente dentro da empresa;
  • As empresas não se abrem para o exterior;
  • Toda tecnologia, know-how, propriedade intelectual e processos ficam sob o controle da empresa;
  • Alta exigência imposta aos funcionários.

Qual modelo é o melhor para uma empresa?

Com o nível o qual a ciência e a tecnologia alcançaram nas últimas décadas, dificilmente uma empresa será bem-sucedida em um processo de inovação se contar somente com seu time interno. Sendo assim, buscar a expertise de quem conhece os atalhos para a realização de todo o processo de inovação aberta é algo a se considerar.

É verdade que esse modelo representa uma mudança sensível, pois a forma tradicional de se inovar sempre baseou-se no sigilo quanto aos avanços de um projeto até o seu lançamento oficial. Algo tradicionalmente associado à cultura corporativa de P&D. Porém, a sua aplicação traz inúmeros benefícios que fazem a diferença na busca por uma companhia mais eficiente.

Dentro da inovação fechada, na maioria das vezes, as ideias vêm da alta administração e de seus líderes. Isso significa que ainda existem várias pessoas na organização com pouco envolvimento no futuro inovador do negócio.

Essa é também uma estratégia que pode demorar mais tempo a sair do papel. Por consequência, ter um custo mais elevado ao manter profissionais especializados. Além disso, as ideias que mostram menos potencial para desenvolvimento e comercialização costumam ser abandonadas, o que não acontece no caso da inovação aberta.

É importante entender que, se uma companhia continua a olhar somente para aquilo que acontece “dentro da sua casa”, poderá não perceber o que existe de novidade lá fora. Nesse caso, ao explorar mais conhecimento e mais experiência externas, os líderes podem levar a gestão da inovação para o próximo nível.

Outro fator a ser levado em consideração mostra que a troca de conhecimento e de recursos não significa que terceiros tenham livre acesso ao negócio inovador. Trata-se, na verdade, de uma maneira colaborativa de trabalhar, o que geralmente significa custos adicionais para licenças para proteger a propriedade comercial.

O ambiente inovador das empresas está se tornando amplamente importante e a qualidade e a quantidade de sabedoria de fontes externas está aumentando continuamente, adicionando cada vez mais às melhorias da estrutura e dos processos inovadores de uma empresa.

A inovação aberta, embora permita um crescimento mais diversificado e multifacetado, não é isenta de riscos. A partir dessa conclusão, evidencia-se ainda mais a necessidade de uma corporação em contar com especialistas que possam acelerar a estratégia desse modelo de inovação pensando no êxito futuro.

  • Leia o nosso artigo Os riscos da inovação e saiba como lidar com essa condição. Entenda também como os riscos de não inovar podem ser tão temerários quanto o inverso.

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