É difícil explicar às pessoas que estão preocupadas apenas com o preço e com o lucro de seu portfólio atual que inovar é a chave para o crescimento, mesmo que o processo contenha diversos riscos. Dentro desse contexto, este artigo visa explicar quais são os riscos da inovação e como gerenciá-los, de forma a incentivar sua realização.
No mundo dos negócios, contratempos e mudanças são comuns. Porém, a quantidade de obstáculos, que já era alta, aumentou consideravelmente nos últimos tempos, especialmente por conta da pandemia.
Sustentabilidade, desenvolvimento tecnológico e transformação digital são questões que trazem um conjunto de mudanças legislativas, regulatórias e comportamentais, as quais precisam ser acompanhadas. Além disso, há também a liberação de recursos e investimentos, bem como a implantação de novos processos. Assim, o acúmulo dessas exigências interferem na capacidade do time de desenvolver novas fontes de receita e diversificar os produtos e serviços existentes.
Como consequência, as empresas rapidamente perdem relevância no mercado e enfrentam uma queda nos lucros. Isso acontece, principalmente, quando comparadas aos seus principais concorrentes que exploram as novas oportunidades de forma consistente e ganham vantagem competitiva.
Inovar para se manter à frente
Uma grande quantidade de corporações já demonstraram que o pensamento de curto prazo e a demora nas respostas às mudanças levam ao fracasso. A crença de que repetir as mesmas ações com consistência gerará resultados maiores não é mais uma realidade nos dias atuais.
Na verdade, a repetição pode levar à extinção ou ao esquecimento de nomes reconhecidos do mercado. Alguns exemplos mundiais são as histórias da Blockbuster, da Kodak e do Myspace, entre tantas outras.
Myspace falhou em não inovar
O Myspace foi um dos primeiros grandes sucessos na indústria de mídias sociais. Fundada em 2003, a plataforma experimentou uma ascensão vertiginosa, e chegou a alcançar mais de 300 milhões de usuários. Tornou-se líder desse mercado ainda em 2005, o que gerou sua venda para o conglomerado de mídia News Corp por US$ 580 milhões.
A história conta que, ainda em 2004, quando Mark Zuckerberg fundou o Facebook, ele ofereceu ao então diretor executivo da Myspace a venda de sua empresa por US$ 75 milhões. No ano seguinte, uma nova oferta ocorreu. Ambas negadas. Já em 2009, o Facebook tornou-se uma pedra no sapato do Myspace por entregar diversas outras funcionalidades que atendiam melhor o usuário.
O Myspace, voltado ao público adolescente da época, falhou ao não disponibilizar funções que abrangiam o público de todas as faixas etárias. O Facebook, por sua vez, teve adesão dos mais velhos, que criaram seus perfis para se comunicarem com os filhos e amigos distantes.
O MySpace também demorou a adotar três tecnologias que facilitariam a vida dos usuários, algo que o concorrente enxergou rapidamente. Foram elas:
- Enviar mensagens sem a necessidade de abrir uma nova janela do navegador;
- Importar catálogos de endereços de e-mail para listas de amigos;
- Escrever mensagens instantâneas.
Além disso, o Myspace lidava com questões burocráticas impostas pela News Corp. após perder sua autonomia. Mais de 400 profissionais foram demitidos nesse período. Em 2011, outras 500 demissões. A plataforma, então, caiu em desuso.
Risco calculado da inovação
É fato que a inovação carrega um risco calculado. Enquanto o investimento em alguns projetos pode não gerar retorno, outros podem se mostrar altamente lucrativos.
Infelizmente, esse risco detém muitas companhias de investir em inovação, especialmente em tempos de incertezas, nos quais as corporações, instintivamente, focam em evitar perdas. Essa é uma característica muito peculiar no Brasil, em que, historicamente, as corporações se baseavam no quanto conseguiriam economizar a cada mês, e não no quanto ganhariam se investissem em inovação.
Por isso, é necessário não deixar de lado o olhar de médio e longo prazo, que exige inovação, diversificação, diferenciação e crescimento. Os negócios precisam oferecer espaço para serem reinventados constantemente, pois, se aliado aos incentivos corretos, leva à criação de novos serviços, produtos e fontes de receita.
Empresas inovadoras aceitam os riscos da inovação
A possibilidade de sucesso de um negócio diante de incertezas e contratempos está na agilidade. O desafio, portanto, está na persistência em explorar o mercado e criar soluções e produtos de valor para ele.
A Nintendo, por exemplo, começou produzindo cartas de jogos, em Kyoto, em 1889, e se estabeleceu como uma grande empresa na indústria de jogos. No mundo todo, foram vendidos mais de 5 bilhões de videogames e mais de 779 milhões de unidades de aparelhos.
Para a Nintendo, a receita para o sucesso é a cultura da inovação da empresa, que continua a pensar fora da caixa ao criar projetos que podem ser menores em escala, mas grandiosos em impacto. A corporação demonstra uma abordagem empreendedora ao arriscar-se com várias pequenas apostas para seus variados projetos. Alguns deles não deram certo e não converteram em vendas, enquanto outros se mostraram altamente lucrativos.
Por outro lado, a Atari, uma das principais concorrentes da Nintendo, parou de inovar com a mesma velocidade em que o fazia antes. Dessa maneira, perdeu espaço no mercado para a própria Nintendo e para a Sega, o que culminou em sua falência no ano de 2013.
No contexto da aviação brasileira, dois exemplos de empresas que sofreram o alto custo de não inovar foram a VASP e Varig. Ambas tiveram problemas financeiros, o que fez com que a primeira declarasse falência, e a segunda fosse comprada por concorrentes.
O principal fator que levou a essa situação foi a administração conservadora dessas companhias aéreas, as quais não acompanharam as mudanças impostas pela chegada da internet. Esse foi um grande marco na aviação, pois revolucionou o modo como as pessoas compravam suas passagens. Ao não se fazerem presentes no mundo digital rapidamente, as duas ex-gigantes deixaram de existir.
- Saiba mais sobre inovação aberta em nosso artigo Inovação aberta: o que é, como funciona e principais benefícios.
Os riscos de não inovar
Abaixo, seguem algumas situações de risco que podem ser observadas quando uma corporação se mantém fechada às novas demandas do mercado:
Não há dúvidas que os riscos da inovação existem, entretanto, há uma ameaça ainda maior em não realizá-la. As corporações que, por conta do medo, ficam estagnadas, assistem aquelas que permanecem ágeis e crescem cada vez mais.
Como se comportam as empresas inovadoras
Não há como negar que o período de pandemia impôs novos desafios a todo momento. Entretanto, com eles, caminharam grandes oportunidades. Tornou-se necessário reavaliar perspectivas e estratégias, já que os consumidores repensavam suas vidas e caminhos diariamente. Essa constante revisão por parte das empresas permitiu que elas se mantivessem ágeis e competitivas, apesar dos constantes contratempos enfrentados pelo mercado.
Empresas como a Tesla, que tem a inovação em seu DNA, é uma inspiração para a adoção de uma abordagem empreendedora como um pilar fundamental para o sucesso. Ela está, de forma contínua, investindo em uma grande diversidade de indústrias e produtos. Assim, assegura a diversificação em seu portfólio.
Enquanto a população geral enxerga a empresa como um negócio de tecnologia ou fabricante de carros, a Tesla tem, na verdade, expandido o seu mercado, protegendo-se de possíveis crises e contratempos. A corporação produz telhas de vidro, baterias, painéis solares, chips de computador, sistemas de entretenimento e até tequila.
Em fevereiro de 2021, a Tesla anunciou a compra de US$ 1,5 bi em bitcoin para ter maior flexibilidade para diversificar e maximizar seu retorno financeiro futuro. Apenas oito meses depois, a notícia era de que a corporação já havia lucrado US$ 1,3 bi com esse passo.
A empresa já aceita pagamentos em bitcoin, o que a fez ser a primeira companhia automotiva a fazer isso. Embora a mudança diversifique o portfólio de investimentos da companhia, a adoção da moeda como método de pagamento demonstra uma abordagem com visão de futuro sobre como as criptomoedas poderão ser utilizadas. Ou seja, enquanto outras empresas terão que passar por essa curva de aprendizado caso a moeda se torne uma realidade, eles já estarão mais aptos a usá-la estrategicamente.
A Tesla está atenta aos riscos relacionados por ser a pioneira. Por isso, reconhece que “a prevalência de tais ativos é uma tendência relativamente recente e sua adoção por investidores, consumidores e empresas, a longo prazo, é imprevisível”.
A realização de apostas relativamente pequenas em uma variedade de indústrias, produtos e métodos de pagamento demonstra uma abordagem empreendedora. O que consolida seu posicionamento no futuro.
Por que correr os riscos de inovar?
Ao considerar a exploração das gigantes na inovação, como os exemplos citados da Tesla e da Nintendo, e os fracassos da Atari, fica claro que ter a inovação como um pilar é fundamental para a longevidade e o sucesso nos momentos de mudanças. Soma-se a isso a pequena lista apresentada no tópico “Os riscos de não inovar” deste artigo.
Porém, uma das barreiras que as corporações enfrentam quanto a esse investimento é administrar o risco de uma forma medida e controlada para garantir que seja possível continuar investindo de uma maneira sustentável.
Mitigar os riscos da inovação requer abordagem e metodologia específicas. Então, como as empresas podem administrar esses dois fatores para alcançar resultados?
A The Bakery Brasil apoia as empresas na administração efetiva dos riscos da inovação ao discutir:
- Como priorizar iniciativas para um pipeline inovador;
- Como superar os obstáculos para a criação de processos de inovação repetíveis;
- Como calcular a relação entre o sucesso e o fracasso para o seu pipeline de inovação.
Entre em contato conosco e entenda melhor como a sua empresa pode encarar os riscos da inovação ao saber quais os melhores caminhos a percorrer. Afinal, não existe uma receita a ser seguida, já que cada negócio tem seu contexto, peculiaridades e objetivos.